Sergipe Meu Lar

“Sergipe, o meu lar!”

José Lima dos SantosJ. Lima, nascido em 23 de agosto de 1922 no atual Distrito de Altamira, município do Conde, na Bahia, afirmava que era “baiano de berço, carioca de profissão e sergipano por amor”. Contudo, o vínculo do Artista Plástico com Sergipe remota ao seu Avô, o Mestre João Antônio Cristino dos Santos, natural de Estância, que foi trabalhar em Altamira na construção da primeira capela do povoado, devotada a N. Sra. da Conceição. Seu ancestral sergipano lá ficando, casou-se com uma senhora baiana e constituiu a sua família paterna.

Afetivamente, o vínculo com Sergipe se consolidou com a ida dos seus pais e irmãos para Estância. Na cidade jardim, executou voluntariamente os trabalhos de pintura decorativa da Catedral Diocesana, do Palácio Episcopal e da Capela do Asilo Santo Antônio, todos concluídos na década de 1960.

Mesmo tendo fixado residência no Rio de Janeiro, Distrito Federal à época, José Lima manteve atelier em Sergipe por vários períodos, sendo alguns registrados pela imprensa. O jornal “A Luta Democrática“, do Rio de Janeiro, na sua edição de 23 de fevereiro de 1969 comunicou que o artista plástico faria estudos em Sergipe:

“Agora José Lima prepara-se para uma grande temporada no interior de Sergipe. Descobriu a cidade de São Cristóvão, antiga capital daquele Estado e tombada pelo Patrimônio Artístico Nacional. Reputa São Cristóvão como um dos locais mais aprazíveis e um verdadeiro ‘paraíso para um pintor’. Vai buscar em suas igrejas e mosteiros novos motivos para seus quadros, os quais pretende depois expor em diversas capitais brasileiras”

Em 20 de dezembro de 1970, o jornal “Correio do Povo“, de Porto Alegre – RS, ilustrou a matéria sobre o retorno de José Lima com sua foto em companhia do Senador Lourival Batista, e informou:

“RIO (Sucursal) – Depois de uma permanência de quase dois anos no Nordeste, regressou à Guanabara o pintor José Lima, trazendo em sua bagagem cerca de 50 esboços de quadros os quais vai ultimar aqui, em seu atelier, em Copacabana. Esteve em Sergipe grande parte desse tempo e ali, na histórica e tombada cidade de São Cristóvão, antiga capital sergipana, colheu grande parte do material que, concluído, será exposto nas grandes galerias de arte do Rio de Janeiro e São Paulo.”

De fato, assim aconteceu. Os interiores e particulares das igrejas, além de várias paisagens retratadas, despertaram a atenção e o interesse da imprensa especializada, de colecionadores de arte e das instituições oficiais. A grandeza de Sergipe, nas obras sacras de José Lima, compunha cenários requintados nos mais diversos recantos no País.

E o reconhecimento de Sergipe não tardou a acontecer. “O Pintor das Igrejas“, também nomeado “il summo pittore sacro” do Brasil pelo jornalista Carlos Oliva, fora convidado pelo Conselho Estadual de Cultura a participar do “Encontro de Cultura” de 1973, através do Ofício 37/73 em que se fazia constar: “Para a abertura do encontro está programada uma exposição Coletiva de Pintores Sergipanos radicados fora do Estado de Sergipe, havendo sido lembrado o nome de V. Sª. (que apesar de não ter nascido em Sergipe é sergipano pela sua obra e pela atenção que dedica a este Estado) […]”. O ofício ainda solicitava a adesão de José Lima à programação, “não somente através da exposição de quadros seus, como, ainda, através da sua honrosa presença.”

Os anos seguintes foram de grande produção artística e, especialmente, muitas das obras formaram o acervo de personalidades sergipanas. Em coletânea, foi realizada a “II Mostra de Arte Tiradentes” na Galeria Álvaro Santos, sob patrocínio da então FACULDADE TIRADENTES, nos dias 30 de abril a 17 de maio de 1985. A individual apresentou 65 telas que, com particular enfoque em Sergipe, retratavam desde a “Capela de Sant’Aninha”, de Laranjeiras, à “Lavadeira do Piauitinga”, de Estância, sem que faltassem os interiores e particulares dos monumentos de São Cristóvão.

A exposição também foi importante para a composição dos argumentos de Arnóbio Patrício de Melo para a Resolução nº 04/85 da Câmara de Vereadores de Aracaju que, em 23 de maio de 1985, outorgou o “título de cidadania aracajuana ao emérito pintor JOSÉ LIMA, pelas exímias qualidades do homenageado, o qual eleva bem alto o nome de Sergipe aquém e além fronteira”. Confirmado estava o seu pertencimento ao Estado.

Entre amigos, José Lima afirmou diversas vezes o seu desejo de morar em Sergipe. Nos seus cartões de apresentação mantinha como endereços o ateliê no Rio de Janeiro e a casa da sua irmã Tarcila Brito, em Estância. Falecido em 27 de fevereiro de 1987, foi sepultado na “Cidade Jardim” do Estado que chamava de “Meu Lar”.

Por José Pedro de Brito Filho

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