Escondia o seu gênio de artista, na modéstia de sua pessoa

O ano era de 1951 e o Jornal Pequeno de Pernambuco reportava sobre “um pintor bahiano, escondido no Recife” em matéria que assim iniciava: “Há cerca de dois anos chegava ao Recife um jovem artista, de nome desconhecido, modesto e simples. Sem um só amigo, sem meios de conseguir fácil projeção, contando, tão somente, com o seu valor e com sua arte. Seu nome: José Lima.”

Exaltando ter começado a trabalhar com perseverança e confiança em si mesmo, relatou que o jovem artista “internou-se pelos nossos conventos e pelos nossos velhos templos de pincel em punho, palheta à frente” e, enquanto trabalhava, fora assim descoberto a um canto do Convento de São Francisco por um Repórter que ficou deslumbrado com “a beleza do quadro, o impressionante das cores, a novidade da luz e dos tons, a segurança com que o rapaz trabalhava”, tendo afirmado depois que, “na verdade, José Lima escondia o seu gênio de artista, na modéstia de sua pessoa“.

Naquela edição, o Jornal Pequeno ainda citou: “José Lima, hoje, já não é um nome desconhecido. Seus quadros têm recebido as melhores referências dos críticos e despertado o maior interêsse. Especializou-se em interiores e vem prestando a Pernambuco um grande serviço, fixando em traços magníficos os interiores dos nossos velhos templos”.

Este grande serviço José Lima também prestou à Bahia, Paraíba, Alagoas e Sergipe, pelo propósito “de terminar a obra que se traçou, de pintar as históricas igrejas do nordeste, com tantos motivos e com tanto valor artístico”.

O “particular da igreja dos Santos Cosme e Damião, em Igarassú”, na chamada do artigo, era um dos vários trabalhos de José Lima, que também teria feitos os “interiores de outras de nossas igrejas, inclusive basílica do Carmo, igreja de S. Pedro, Madre de Deus, Conceição dos Militares, Capela Dourada S. Bento, Nossa Senhora das Neves, Convento de Santo Antônio e Convento de S. Francisco, em João Pessoa. E tais quadros de certo, terão para nós, além do seu valor artístico, um interesse especial”, concluiu.

Por José Pedro de Brito Filho

Nas citações, foi mantida a ortografia de época.
Imagem obtida no site Viagens de Fé, no artigo “Igreja mais antiga do Brasil reabre em Pernambuco

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