Difícil falar algo sobre Tio Lima sem antes lembrar do seu bom humor e perspicácia.
Tão bons quanto seus trocadilhos, as tiradas de humor e as piadas sagazes, eram as suas histórias, em especial, quando envolviam os seus sobrinhos.
De fato, parecia que Tio Lima tinha sempre um “causo” de sobrinho para contar. Aliás, ao menos um de cada sobrinho. Entre tantas, duas dessas histórias que ele repetia com largo sorriso, são pequenas mostras que, à semelhança de como capturava e transmitia as cores nas telas, também o fazia para reinterpretar os momentos com os sobrinhos e torná-los melhores.
Lembro que, ainda pequena, ganhei dele uma boneca que era maior que eu. Tio Lima contava que, ao me entregar, eu, com medo de perder o presente, abracei a boneca e disse para ele voltar pra casa: “Tio Lima vá embora, vá embora!”
Com José Pedro, meu irmão, contava do período em que ficou mais tempo em Estância. Todos os dias o meu irmão retirava do quarto de Tio Lima uma xícara que, colocada com leite na noite anterior, sempre tinha algumas moedas no pires. No dia em que, testando o sobrinho, não colocou as moedas, teve que encarar um pirralho bravo perguntando: “Tio Lima, hoje vai ser de graça?”
Entre diversas, essas histórias confirmam o incondicional amor de Tio Lima à sua família, que fazia dos sobrinhos mais que admiradores, seus dedicados filhos.
Por Emília dos Santos Brito