Biografia

Infância e Aprendizado

José Lima dos Santos nasceu em 23 de agosto de 1922, no atual Distrito de Altamira, Município do Conde, interior da Bahia. Era o terceiro dos oito filhos de uma família de sólida formação católica do funileiro José Cristino dos Santos e da dona de casa Josefa Lima dos Santos, a Dona Senhora.
Aos doze anos foi internado no Seminário Seráfico de Esplanada, onde adquiriu a bagagem cultural e a ambientação iniciais e necessárias para o desenvolvimento de sua arte.
Não tendo vocação para a vida religiosa, deixou o direito Canônico e a liturgia e foi estudar Belas Artes, ainda na Bahia, com o renomado Mestre Presciliano Silva. No início da década de 1940, foi para a Itália, onde permaneceu por três anos e continuou seus estudos com os mestres Tito Ridolfi e Aldo Mezzedini.
José Lima em seu apartamento no Rio de Janeiro
"Sim, otimismo em face da amargura. Em frente ao desespero, a esperança, a calma. Risos nos lábios inda quando n'alma haja o pranto, a saudade, a desventura..."

José Lima no soneto "Ridi, Pagliacci!"

Bahia, seu berço

Voltando ao Brasil, permaneceu na Bahia até 1946, período em que estudou na Escola de Belas Artes da Salvador sendo “discípulo” do Mestre Presciliano Silva, participando de diversas exposições coletivas.

Em terras baianas realizou a pintura decorativa das primeiras Igrejas. A Catedral de Nossa Senhora das Vitórias em Vitória da Conquista aconteceu entre outubro de 1943 e maio de 1944. Em 1945, naquela cidade, José Lima casou-se pela primeira vez.

Em sua terra natal, o Distrito de Altamira no município do Conde, fez a decoração da capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em 1946, cujo altar-mor foi ricamente entalhado por seu Avô, João Antônio Cristino dos Santos, juntamente com o Mestre Agostinho. No mesmo ano, fez o quadro “Tia Cota”.

Pernambuco e Paraíba

No final do ano de 1946, mudou-se para Recife com o propósito de pintar as históricas igrejas do Nordeste.

Lá casou-se pela segunda vez, em janeiro de 1949, e a esposa o acompanhou na pintura decorativa da Catedral de Nossa Senhora da Guia em Patos na Paraíba, entre 1949 e 1951, o primeiro grande marco da sua obra. Em terras pernambucanas fez exposições individuais e participou de coletivas, sendo desse período a decoração da Basílica do Sagrado Coração de Jesus, a Igreja Salesiana, no ano de 1952.

Uma de suas exposições mais divulgadas foi realizada no Gabinete Português de 12 de maio a 06 de junho de 1948. Nesse evento foram expostas cerca de 40 obras, maior parte delas de interiores de igrejas de Recife e Olinda.

No Rio de Janeiro

Buscando divulgar sua obra para além do Nordeste, mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 1950, onde radicou-se.

Na então Capital da República, J. Lima consolida em definitivo a sua arte, sendo premiado em diversos Salões Nacionais e tendo seus quadros em exposição permanente nas instituições de acesso público e em galerias.

Um dos seus trabalhos mais especiais foi a autoria do emblema do XXXVI Congresso Eucarístico Internacional realizado em 1955, marca que esteve presente em diversos objetos religiosos, comemorativos, sinalizadores e, em particular, na filatelia nacional, onde os selos ainda são muito procurados por colecionadores. 

O marco definitivo da grandiosidade de sua obra é a pintura decorativa da Igreja de São Januário e Santo Agostinho, no Bairro de São Cristóvão, cujas paredes e teto, uma área de mais de 600 m², foram decorados em 1959.

Em Sergipe, seu Lar

Mesmo fixando residência no Rio de Janeiro, J.Lima visitava frequentemente o Nordeste, tanto pelos vínculos familiares quanto pelas inspirações para seus quadros.

O pintor expressava sua particular afeição ao Estado de Sergipe, onde residia a maioria dos seus irmãos e sobrinhos, inclusive, mantendo por algum tempo um ateliê na cidade de Estância, em que produziu trabalhos inspirados nas antigas igrejas daquele Estado. À época, seus cartões de apresentação tinham como endereços o ateliê no Rio de Janeiro e a casa da sua irmã Tarcila, em Estância.

Na “Cidade Jardim” do Estado que chamava de “Lar”, fez sua última decoração de igreja, em 1968, com a pintura da capela-mor da Catedral Diocesana de Nossa Senhora de Guadalupe.

Considerado como um “filho ilustre”, tendo recebido a Cidadania Aracajuana, participou de exposições junto com notáveis locais. 

Falecido em 27 de fevereiro de 1987, foi sepultado em Estância.

Síntese biográfica produzida por Pedro de Brito, Julia Brito e Sabrina Ferreira